Florianópolis tem se destacado nas discussões sobre a gestão de recursos hídricos e o enfrentamento de eventos climáticos severos, como enchentes. Recentemente, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) organizou um encontro com especialistas na área, visando aprimorar a chamada “Agenda da Água”. Este evento contou com a participação de profissionais e representantes de iniciativas bem-sucedidas em outras cidades do Brasil, como Curitiba e Jaraguá do Sul. Neste artigo, vamos explorar a importância dos parques urbanos e das áreas verdes localizadas nas margens de rios como alternativas efetivas para a contenção de cheias. Além disso, abordaremos exemplos práticos e as lições aprendidas a partir de projetos que se mostraram eficazes inspirando futuras ações em Santa Catarina.
Agenda da Água: Parques urbanos e em beiras de rios são alternativas para conter cheias
As inundações têm se tornado um problema recorrente em várias cidades do Brasil e do mundo. A urbanização desenfreada e as mudanças climáticas intensificam a necessidade de soluções criativas e eficazes para a gestão de águas pluviais e para a proteção de áreas urbanas contra as cheias. Nesse contexto, a proposta de criar parques urbanos e áreas de lazer nas margens de rios se apresenta como uma alternativa viável e sustentável.
Um exemplo notório é o Parque Barigui, em Curitiba, criado em 1972 com o intuito de proteger as áreas ao sul da bacia do Rio Barigui. Com 1,4 milhão de metros quadrados, o parque não só atua como reservatório durante períodos de chuvas intensas, mas também oferece espaço para a prática de lazer, turismo e educação ambiental. Dyala Assef Sehli, arquiteta da prefeitura de Curitiba, enfatiza que a iniciativa tem ajudado a evitar enchentes na cidade. Além disso, o parque conta com uma central hidrelétrica que gera 50% da energia consumida em suas instalações, contribuindo para um modelo de gestão sustentável.
A experiência de Curitiba: ensinamentos valiosos
O Parque Barigui não é apenas uma área de lazer, mas um modelo de gestão integrada de recursos hídricos. O projeto propôs a construção de um lago que serve como um reservatório natural, permitindo a contenção de cheias e a circulação de água de maneira controlada. Essa abordagem holística é uma lição importante para outras cidades que enfrentam o mesmo problema.
Outro aspecto destacado é a relevância da preservação ambiental no contexto urbano. O planejamento cuidadoso e a criação de áreas verdes não somente mitigam os efeitos das chuvas intensas, mas também melhoram a qualidade de vida dos cidadãos, oferecendo espaços para atividades ao ar livre e convivência social. A proposta de integrar a área do Parque Barigui com outras áreas preservadas, como espaços ao longo das margens do rio, amplia a importância da conexão entre natureza e urbanização.
Jaraguá do Sul: outras iniciativas promissoras
Jaraguá do Sul, por sua vez, é outro case de sucesso na gestão hídrica através da implementação do Parque Linear Via Verde. Coordenado pelo promotor de justiça Alexandre Schmitt dos Santos, o projeto surgiu a partir da necessidade de conter a água de elevação do rio enquanto proporciona um espaço público de lazer. As dificuldades de desapropriações e a movimentação de áreas vizinhas foram passos necessários para a concretização de um sonho que se tornou realidade.
O Parque da Inovação é outra iniciativa que ecoa o modelo do Via Verde. Ambas as ações buscam trabalhar com o conceito de “infrastructure verde”, promovendo o convívio harmonioso entre as pessoas e o meio ambiente, e ainda contribuindo para a mitigação das enchentes.
O Parque Inundável Multiuso da Bacia do Rio Camboriú
Um projeto ambicioso que se destaca é o do Parque Inundável Multiuso da Bacia do Rio Camboriú. Finalizado em 2019, o projeto foi recentemente incluído nas obras do PAC, com um investimento estimado em R$ 131,5 milhões. Esse parque tem como premissa a construção de um dique no Rio Camboriú para criar um lago que regulariza a vazão em situações de cheias e oferece uma reserva de água bruta, essencial para o atendimento da demanda hídrica.
A proposta é um exemplo de planejamento que não apenas visa a contenção de cheias, mas também a geração de áreas recreativas e de lazer, fortalecendo assim, o vínculo da comunidade com a natureza. Paulo Ricardo Schwindel, presidente do comitê de gerenciamento da bacia, afirma que a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura hídrica é indiscutível, dado que a disponibilidade hídrica atingiu um patamar crítico.
Por que parques urbanos são essenciais na luta contra cheias?
A necessidade de adotar medidas que previnam e mitiguem os efeitos das enchentes é crítica. Portanto, a sustentabilidade no planejamento urbano é uma questão urgente que não pode ser negligenciada. A criação de áreas verdes, parques urbanos e sistemas de drenagem que aproveitam o espaço disponível podem desempenhar um papel vital no manejo de recursos hídricos.
Os parques urbanos, em particular, produzem diversos benefícios, sendo uma ferramenta poderosa para auxiliar na gestão das águas. Eles não só absorvem a água das chuvas, como também permitem a infiltração e a evapotranspiração, reduzindo assim a quantidade de água que chega aos drenos e sistemas de esgoto. Estudos mostram que áreas cobertas por vegetação têm o potencial de diminuir significativamente o escoamento superficial, aliviando a pressão sobre os rios e sistemas de drenagens urbanos.
Além disso, os parques oferecem os seguintes benefícios:
Melhora da qualidade do ar: As árvores atuam como filtros naturais, ajudando a purificar o ar e a reduzir poluentes.
Aumento da biodiversidade: Áreas verdes atraem diversos tipos de fauna e flora, contribuindo para a preservação de espécies ameaçadas.
Qualidade de vida: Oferecem um espaço para lazer, convivência social e práticas esportivas, melhorando o bem-estar da população.
Educação ambiental: Proporcionam oportunidades educacionais para a conscientização sobre a importância dos recursos hídricos e da preservação ambiental.
Perguntas frequentes
Como os parques ajudam na contenção de cheias?
Os parques urbanos possibilitam a infiltração da água da chuva, diminuindo o escoamento superficial e reduzindo a quantidade de água que chega aos rios e sistemas de drenagem.
Qual é a importância da Agenda da Água?
A Agenda da Água é uma iniciativa que busca promover a discussão e a formulação de políticas para a gestão sustentável dos recursos hídricos, especialmente em áreas urbanas.
Os parques urbanos são apenas para lazer?
Não, os parques urbanos também têm funções ecológicas importantes, como a absorção de água da chuva, que ajuda a prevenir enchentes.
Como os projetos de parques urbanos são financiados?
Normalmente, os projetos são financiados através de parcerias públicas e privadas, além de verbas destinadas a obras de infraestrutura e preservação ambiental.
Existem exemplos de sucesso em outros países?
Sim, muitos países têm implementado parques urbanos com sucesso, como o High Line em Nova York e os parques lineares em cidades europeias, que têm mostrado a eficácia dessa abordagem.
Qual é o papel da comunidade na preservação desses parques?
A comunidade desempenha um papel crucial, podendo contribuir para a manutenção e a conservação das áreas verdes, além de participar nas decisões sobre seu uso e gestão.
Considerações finais
A luta contra os efeitos das mudanças climáticas e das enchentes exige criatividade e planejamento. A “Agenda da Água: Parques urbanos e em beiras de rios são alternativas para conter cheias” destaca a importância de iniciativas que integram a preservação ambiental ao planejamento urbano. Parques como o Barigui, o Via Verde e o Parque Inundável Multiuso são exemplos de que é possível criar espaços que sejam não apenas áreas de lazer, mas também soluções eficientes para problemas hídricos que afligem as cidades modernas.
Com a colaboração entre diferentes setores da sociedade – desde o governo até a comunidade – e o engajamento em projetos que priorizam a sustentabilidade, podemos construir um futuro mais resiliente e harmonioso, onde a natureza e o urbanismo convivem em harmonia. Esta é, sem dúvida, uma missão que deve ser abraçada por todos.